segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Um espirro bestial sobre a liberdade!

Estive pensando no quanto não temos controle sobre as nossas próprias vidas, sobre as decisões que tomamos e muito menos naquilo que futuramente podemos nos tornar. Parece até que tudo o que acontece, acontece sem termos a plena consciência ou sem estarmos a par das coisas.
As vezes penso que não temos o controle de nossas próprias vidas, desde o momento que nascemos. Não escolhemos os nossos pais, a nossa nacionalidade e nem a nossa língua. Não escolhemos nascer no Brasil ou na Dinamarca. Não escolhemos a nossa cultura, se nascemos dentro de uma comunidade indígena ou em um país de cultura hinduísta.
Será que estamos à mercê da poderosa corrente chamada destino? Será que a vida de cada um de nós ja foi previamente escrita por uma força que desconhecemos? Como se a mão de Deus estivesse pairando sobre nós e toma-se todas as decisões acerca de nossas vidas. Será que tudo o que acontece conosco ja vem premeditadamente escrito: como os amigos e as escolhas e decisões que tomaremos ao longo de nossas vidas?
Destino e liberdade: são duas coisas completamente opostas ou dois lados da mesma moeda? Será que temos a liberdade de escolhermos conscientemente quem ou o que seremos futuramente? Será que o homem escolhe voluntariamente a sua própria religião? Será que o fato de um sujeito nascer em uma família cristã e bastante religiosa, também será um futuro cristão? Será que escolhemos livremente o que iremos fazer e qual profissão iremos exercer futuramente?
Não sei a resposta, mas as vezes penso que tudo já vem previamente elaborado e que eu sou apenas um boneco preso nas redes ou nas teias de algo incompreensível e inexplicável para mim.
Acredito que somos frutos de nossas experiências vividas, desde o nascimento até o fim da vida. Acho que isso significa que o que você é hoje, é resultado de tudo aquilo que você já viveu, e nisso obviamente inclui a relação que estabelecemos com o mundo externo a nós: valores, tradições, costumes, mídia e a própria sociedade. Tudo isso exerce uma grande influência naquilo que iremos nos transformar.
Por exemplo, uma pessoa que nasceu em um ambiente favorável à leitura, ao teatro, à música clássica, às artes plásticas etc; possui uma grande probabilidade de que essa pessoa vá desenvolver um gosto por tais coisas. Enquanto alguem que nasceu em um ambiente de extrema pobreza, de violência, de prostituição, crimes e drogas etc; vai haver uma grande probabilidade dessa pessoa viver a sua vida atrelada a um atividade ílicita e criminosa. Isso ocorre porque a medida que o ser humano vai crescendo ele se relaciona com o mundo social e com todas as possibilidades acerca dele, e isso vai gradativamente influenciando-o: na sua formação psicológica e no seu desenvolvimento subjetivo.
Para entendermos isso claramente temos que compreender o conceito de subjetividade e objetividade, e como esses conceitos se relaciona com o homem ao longo de sua vida. Como também entendermos a idéia de endoculturação fornecido pela Antropologia. Tudo o que é subjetivo refere-se ao mundo interno do homem e o obetivo ao externo, de tudo aquilo que se encontra externo ao homem. A endoculturação é o processo permanente de aprendizagem de uma cultura, que se inicia na infância até à idade adulta de um indivíduo. Na medida que o individuo nasce, cresce, e desenvolve, ele aprende envolvendo-se cada vez mais a agir da forma que lhe foi ensinado, assimilando assim a cultura que lhe é externa, ou seja, a endoculturação está no âmbito objetivo.
O Filósofo Suíço Jean-Jacques Rousseau elaborou a idéia do bom selvagem, onde, segundo o pensador, o homem nasce naturalmente bom e que a sociedade o corrompe. Mas eu pergunto o que é bom e o que é o mal? Será que são conceitos ou valores universais aplicados em todas as culturas?
Quando me perguntam o que eu acho sobre a questão do livre arbítrio, falo que acredito que ele não exista. Acho que escolhemos pouco ou nada em nossas vidas, pelo menos, nos primeiros anos dela, que é quando estamos na fase do nosso desenvolvimento subjetivo. Ao dizer que não acredito no livre arbítrio talvés esteja sendo extremamente reducionista, mas não acredito pelo menos não na visão passada pela cultura cristã, quer dizer, na escolha do bem ou do mal. Primeiramente, a idéia manigueísta de bem e mal são muito relativos. O que para você pode parecer o bem, para uma outra pessoa, proveniente de um outro contexto, com outras experiências, uma outra educação, não o pode. Isso significa que o bem e o mal é muito relativo, e o que para mim pode parecer bom para um outro indivíduo não o pode.
Baruch Spinoza fala sobre as forças externas da qual o homem é constrangido: a língua, a religião, costumes, valores, cultura, enfim, a própria sociedade que nos rodeia. Quando nascemos somos lançados a um mundo de possibilidades limitadas, e ao relacionarmos com ele, seremos "condicionados" a ele.
O filme Efeito Borboleta fala desse respeito. Fala sobre a causa e o efeito, sobre a teoria do caos, onde o simples bater de asas de uma borboleta pode ocasionar um tufão do outro lado do planeta. Como pouco ou praticamente nada compreendo sobre a teoria do caos não vou me ater a ela. Mas quando sempre assisto esse filme eu sempre faço uma retrospectiva de minha própria vida; "e se eu tivesse pegado um outro caminho? Se ao invés da direita tivesse pegado a esquerda? O que teria acontecido comigo, será que eu seria a mesma pessoa, teria a mesma visão das coisas e da vida?" É nesse sentido que eu digo quando digo que não temos nenhum poder sobre as escolhas e decisões que tomamos nas nossas vidas, pois parece que tudo é fruto de nossas experiências, e das forças extrísicas a nós.
No mais, só queria dizer que as questões acerca da liberdade, do destino e das escolhas e decisões que fazemos na vida, para mim é como se quizessemos entender coisas muito distante da compreensão humana. E essas questões a muito tempo fazem parte das grandes divagações filosóficas. Assim sendo, o que eu descorri nessa pequena dissertação, mesmo me respaldando em textos filosóficos, foi à grosso modo, pois para compreendê-las requer muitas leituras e reflexões.

3 comentários:

  1. " Não faço o bem, que quero, e faço o mal, que não quero" ( Romanos, 7,19). Portanto, o hoem possui livre-arbítrio.

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  2. acredito que a sociedade tenha o mesmo peso no individuo que ele na sociedade.temos nosso leque de possibilidades e opitamos por uma e, claro, isso terá algum efeito na nossa vida. nao há como sabermos o que poderia ter sido, mas podemos sim fazer escolhas. o meio nao justifica as açoes do individuo, a pobreza nao justifica a violencia nem a prostituiçao, se justificasse, a India seria um dos paises mais violentos e no entanto nao o é.

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  3. O apostolo não faz o bem que quer, mas faz o mal. como há livre-arbítrio? Parece que ele está preso a circunstâncias que o predem a fazer mal que não quer.

    durante milhares de anos, o homem atual é o resultado de uma carga genética, e de ideologias, preconceitos e conceitos que forram seu interior subjetivo. Então, a mentalidade do homem indiidual é ao mesmo tempo a mentalidade da coletividade pelo qual, o homem está inserido.

    Portanto, verifica-se que que ideias e valores que pensamos ser nossos são parte de uma coletividade, de um todo. Discordo assim também do comentário anterior a mim.

    O meio não só justifica, como constroi as nossas ações, e mesmo a nossa personalidade. outrossim, a nossa vontade, nosso querer, segue padrões estabelecidos. Mesmo diferindo da tua cultura imediata, mas, há uma parte de um todo que te fomentou a pensar assim...

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