terça-feira, 24 de novembro de 2009

Arte

Filosofia, literatura, música, arte etc.
Essas peculiaridades são para os sentidos aguçados: o olhar desenvolvido que dilata às vestes que nos impuseram, a audição que escuta e aprecia o som vibrar entre os tímpanos, o paladar que degusta o mel mais doce, as mãos que projetam na superficie branca o que a mente pensa, o olfato que extrai o aroma das pétalas, o pensamento que troca passos com a imaginação. Quem consegue sentir a plenitude da vida são os raros eleitos, aqueles que nasceram póstumos.
A visão turvada pelas atividades cotidianas não nos permite penetrar nas entrelinhas do mais belo poema. Coisas passam em nossas vidas mas não a vêmos por estarmos com as lentes embaçadas. A arte, o poema, literatura são inúteis para esse mundo impregnado pelas atividades corriqueiras do homem pragmático. A arte tem um fim em si mesma, portanto não à coloquemo-la no rol de conceituações nem tentemo-los pô-la ao status de inutilidade. A arte tece a alma humana e preenche às lacunas corrosivas de nossas consciências. Um olhar sobre a pintura requer à sensibilidade aguçada de um espiríto irriquieto, da paixão avassaladora do poeta pelas palavras, do amor do filosofo pelo conhecimento. A arte provoca-te, transforma-te... as palavras que aqui escrevo não são o suficiente para expressar a sua sutil beleza. Posso discorre inumeros significados para ela, buscar respostas no âmago do meu ser para explica-la, mas assim mesmo não vou conseguir, limito-me pela minhas palavras, minha pequenez não permite-me explica-la apenas senti-la.

"So os poetas, os loucos, os filosofos e os bebados são corajosos o suficientes para mergulhar num mundo de dúvidas e incertezas, quanto as outras pessoas, elas ja foram formatadas e doutrinadas a aceitar o mundo tal como elas pensam que ele é. "

Duas Caixas

Esse pequeno texto é inspirado e é fruto da palestra que houve no ano de 2008 no salão do livro realizada em Palmas/To. O palestrante foi o Filósofo e Educador Rubem Alves. Tentei resumir o que foi dito na palestra.

Somos selados, moldurados e acarrentados a esse mundo de mentalidade tecnocrática onde o pragmatismo impera.
Para Santo Agostinho carregamos duas caixas, na mão direita levamos a caixa de ferramentas, nela encontram-se os objetos de fins práticos, como a tesoura que corta, a caneta que escreve, borracha que apaga, cadeira, mouse, teclado etc... Ferramentas práticas que possuem suas respectivas funções para efetuar determinada atividade, utilizados no dia a dia são objetos que não nos dão prazer, usamos e descartamos. Ja na mão esquerda carregamos a caixa de brinquedos, nela está tudo aquilo que é inutil e que não possui função alguma, mas nos dão prazer. Como a Poesia, Literatura, Filosofia, Música e todas as formas de expressão artística. Hoje tudo aquilo que não tem um retorno imediato é descartado. O poema para ser lido é preciso interpelar em seu tecido, perpassar e ir em direção do caminho mais profundo de nossas essências, ele é vida mas é inutil. O que fazemos com ela? Para que serve o poema se ele é inutil? O que é o poema e para que serve? Só existe uma forma de descobrir mergulhar em seus fios...Ainda existem pessoas sensíveis capazes de captar o mais belo poema, capazes de interpelar nas entrelinhas e ver o mundo mais visível! Viva ao Poeta.

domingo, 15 de novembro de 2009

Quem sou

Não sei se sou poeta
Ou ator
Só sei que vivo
No ostracismo
Oscilando entre
Alegria e dor
Numa busca eterna
Da poesia e do amor

Sina do Poeta



Sina do poeta
É dizer o não dito.
É sentir o sabor das coisas
e nelas se lambusar.

Sina do poeta
É achar o oculto
dentro do obvio.
É vê nas entrelinhas
e nelas se entrelaçar.

Sina do poeta
É procurar a poesia...
Num mar de palavras,
Nas sombras da noite,
No céu estrelado
Ou no alvorecer da aurora.
Dentro de uma chuva tempestuosa.

A sina do poeta
É um verdadeiro desatino.
É um andar descompassado.
Que troca passos com o vento...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Morte

A foice corta, a respiração asfixia
Os pulsos inflam, as veias jorram
O sangue cai, o chão mancha
As pupilas dilatam, os tímpanos espocam.

Os sentidos explodem
O coração acelera, o desespero consome
O medo invade, as mãos tremem.

Os olhos choram, a dor chega
Tudo escurece um mal irremediável
A morte vem e consuma a dança.

Coragem Desata

Acordo
Manhã nebulosa, neblina cerca
ambiente sufoca.
Abro as janelas
no horizonte tempestade
na paisagem chuva.

Observo no espelho
olhos refletem dor agonizante
face revela solidão
cabeça dói, mágoas corrompem
desespero consome, desânimo absorve
desencadeia um choque, nasce um trauma
sentidos estáticos, mãos atadas, lágrimas rolam.

Mas a primavera vem e faz atenuar
encontro um inibidor que faz anestesiar
não suporto mais e passo a amar
ainda sinto meu corpo e a vontade de continuar
me faz levantar, então minhas pernas voltam a andar.

Forte energia invade e me faz guiar
dúvidas e incertezas ficam a queimar.
A vida prossegue, manhã nebulosa...
Mas a coragem desata e me faz continuar.

Aurora



Brilha a aurora
Entre montanhas sua beleza transborda
Sua luz intensa e translúcida
Ilumina vales e abismos da noite
E banha o céu das paisagens lúgubres.

Seus raios tocam as faces do pântano com afago
E beija a fúnebre rosa instaurando-lhe vida.
Baila entre a sinfonia dos ventos
Corta tempestades e vence chuvas.
Perpassa confins obscuros
Longínquos e degradantes.

Revive a flor sobre o crepúsculo
Fecunda o solo infertil e nutre o horizonte.
Dança com o caos e se mostra na sombra
Embeleza o feio, purifica o ódio
Desintegra a angústia
Dor e desesperança.
E o funesto transfigura em vida.

Desejo



Na festa de Dionisio
Derrama-se a bebida dos deuses
Embriaga-se a carne
e o amor corteja o desejo

Voluptuosa paixão consome-nos
Entre afagos e toques
Num leito vermelho

O sorriso ecoa-se
Como a lira que encanta
Os beijos cintilam
e a sede é como
o mar que afoga os sentidos
Em ébrios desejos.