O que podemos entender de poesias e de poemas? Quando nos deparamos a essa questão o que instantâneamente vem em nossas mentes é o famigerado ponto de interrogação. Diante da poesia e do poema só podemos nos dispor de infindáveis especulações e perplexidades, e nunca, de maneira alguma, responder o que são.
A poesia e o poema sempre andaram ao lado do homem, despontado-se no período pré-socrático, na época quando os rapsodos-poetas declamavam suas poesias nas praças de Antenas, ou seja, séculos atrás antes de Cristo, revelando-nos assim, que ambas remontam aos primórdios da humanidade. O homem sempre se embriagou de sua bebida, como forma de se por vivo e de se vigorar enquanto homem: ser pensante. Portanto, nossa historia foi construída junto dela como forma de nos firmamos enquanto seres pensantes, culturais e, sobretudo, humanos. Mas isso não explica o que é poesia e tampouco poema. Entretanto, faz-se necessário nos lançarmos a esse percurso histórico e viajarmos a diferentes épocas em que o homem andou por sobre a Terra. Fazendo isso, notaremos que foram colocados uma série de conceitos acerca da poesia e do poema, quando a filosofia desdobra-se em ciência e esta estabelece inúmeras regras e normas inerentes para ambas. Sofreram uma série de dilacerações e embrutecimentos, pois fora infectadas pelo veneno de quererem conceituá-las. A História da Ciência da Literatura mostra-nos o quanto elas foram enlaçadas por mordaças que nada dizem a seus respectivo respeito. Procurar estabelecer regras/normas e classificações a sua natureza de nada responde o que ela é. Ora, será que para entender uma poesia devemos está munido de um conceito, ou de parâmetros e classificações? Não estaríamos assim, atribuindo qualidades que são externas a sua própria natureza?
Podemos aqui, fazer uma relação: poesia igual a chaos e poema igual a chosmos. Sabe-se que o chaos é o aberto e toda possibilidade e o chosmos é o arranjo, o ordenamento dessa abertura. Não obstante, isso ainda não explica o que é poesia e o que é poema. Como já foi dito, a Ciência procurou atribuir classificações a poesia e compartimentá-la dentro de uma caixinha: isso é poesia porque se enquadra aos parâmetros e as classificações impostas por mim (ciência). Soa até cômico para o poeta, grande artesão e arquiteto da poesia. Então, para ser poeta eu tenho que seguir uma série de regras? A poesia como objeto de estudo cientifico, onde são atribuídos critérios, parâmetros e conjunto de regras/normas só leva ao seu encobrimento e obscurecimento porque, limitando-se a essa parafernália de conceitos, baseamos a algo que é externo a ela.
A poesia precede o poema, é o brilho e a luz daquilo se mostra e o poeta se deixa apropriar e absorver por aquilo que se mostrou. A poesia é um fazer, mas um fazer de si mesma, se eclodi na ação e se configura no poema. O poema é a moldura, é a poesia esculpida e lapidada em palavras. Mas para o poema ser poema é necessário haver poesia? Um poema se faz pela poesia, que é o colher daquilo que se mostrou ao poeta, o que se mostrou foi colhido e transfigurado em poema, no entanto, a poesia não precisa ser poema, ela pode ser uma canção, uma pintura, um quadro, uma obra de arte, uma escultura etc.
Com a realidade dividida em duas dimensões estabelecida por Platão. Onde, na sua ótica, o mundo que captamos, através de nossas percepções sensoriais, não passa de uma projeção imperfeita e mera cópia do verdadeiro real oriundo do mundo supra-sensível das idéias. Nisso, a poesia sofre mais outra envenenação, pois essa concepção Platônica, também, foi atribuída a ela, na relação significante e significado. Para o Filosofo, o poeta estrava três degraus afastado da verdade, e o que ele fazia era criar uma cópia da cópia, já que o que ele virá era proveniente do mundo sensivel. Ora, a poesia está estritamente ligado aos sentidos, e o poeta melhor que ninguém sabe disso. Pois, ele de sentidos aguçados e embriagados consegue colhê-la e se permite apropriar por ela. vale lembrar, que a linguagem poética é muito diferente da instrumental que nos foi ensinada, através do processo de escolarização, desde pequenos, dessa forma, habituamo-nos ao sistema de signos línguisticos na relação significado e significante (signo e coisa significada, conceiutuada), a poesia rompe essa relação, pois nela transita a linguagem em seu estado puro e original.
A poesia é o que é e se cria a si mesma, não se prende as amarras de conceitos, ou seja, ela existe por si mesma e possui um fim em si mesma. Mas de onde ela emana e brota? Ela vem e se manifesta na coisa mais ordinária, mais pífia, idiota, estapafúdia e cotidiana que se possa imaginar, ela sempre está presente por todas as partes a nossa volta, nós só não conseguimos vê-la, percebê-la e colhe-la. A palavra poesia vem do Grego poiésis, é derivada da palavra poien que significa fazer, produzir, criar etc; sendo que poiésis quer dizer essência do fazer, do produzir, do agir, é a eclosão do criar.
A noite chuvosa é só uma noite chuvosa para alguém de sentidos amortecidos, mas para o poeta “a chuva abraça a noite, se harmoniza aos ventos, cujas gotas cristalinas beijam o solo infértil e revifica a flor sob o crepúsculo.”
Certa vez Santo Agostinho citou: O que é o tempo? Se não se pergunta o que é o tempo, eu sei, mas se se pergunta o que é o tempo, eu não sei. E assim é a poesia, os poetas sabem o que ela é, pois a vive em toda sua envergadura e presença, mas não sabem responde-la.
A poesia para o poeta é a sua maneira de ser, dele se por vivo e ser aquilo que ele é: Poeta. Sem a palavra o poeta não poetiza, ela é a sua matéria-prima e é através dela que ele lapida a poesia.
A melhor maneira de sabermos o que é poesia e poema é deixar que ela se fale por si mesma, e para isso é preciso freqüentá-las, lê-lás, interpelar nos fios de seus tecidos. Infelizmente, no ritmo acelerado em que vivemos não nos dispúnhamos de tempo para lê-las. E ela, acaba ganhando uma conotação de inutilidade, já que não serve para nada, só para embriagarmos.
Nessa pequena dissertação sobre poesia e poema a resposta do que ela é não foi colocada. Essa pergunta requer horas de reflexão e ao caminharmos pelo tempo não obteremos a resposta. Isso ocorre, devido a sua grandiosidade, cuja magnificência não pode ser respondida, os poetas a conhecem muito bem, no entanto, não conseguem dá-lhe uma resposta.
Quando abrirmos as portas da percepção descobriremos como as coisas realmente são: infinitas (Jim Morrison)”.
“O poeta se torna vidente depois de um longo desregramento de todos os seus sentidos (Arthur Rimbaud)”
Essas duas frases vêm bem a calhar. Revela-nos que, somente quando desconstruirmos o muro metafísico atribuído a ela e quando desatarmos os nós de nossas consciências é que perceberemos o real na sua essência, ou seja, a poesia. E os poetas, pensadores, filósofos, artistas já fizeram isso, conseguem vê-la, capta-la e colhê-la.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Arte
Filosofia, literatura, música, arte etc.
Essas peculiaridades são para os sentidos aguçados: o olhar desenvolvido que dilata às vestes que nos impuseram, a audição que escuta e aprecia o som vibrar entre os tímpanos, o paladar que degusta o mel mais doce, as mãos que projetam na superficie branca o que a mente pensa, o olfato que extrai o aroma das pétalas, o pensamento que troca passos com a imaginação. Quem consegue sentir a plenitude da vida são os raros eleitos, aqueles que nasceram póstumos.
A visão turvada pelas atividades cotidianas não nos permite penetrar nas entrelinhas do mais belo poema. Coisas passam em nossas vidas mas não a vêmos por estarmos com as lentes embaçadas. A arte, o poema, literatura são inúteis para esse mundo impregnado pelas atividades corriqueiras do homem pragmático. A arte tem um fim em si mesma, portanto não à coloquemo-la no rol de conceituações nem tentemo-los pô-la ao status de inutilidade. A arte tece a alma humana e preenche às lacunas corrosivas de nossas consciências. Um olhar sobre a pintura requer à sensibilidade aguçada de um espiríto irriquieto, da paixão avassaladora do poeta pelas palavras, do amor do filosofo pelo conhecimento. A arte provoca-te, transforma-te... as palavras que aqui escrevo não são o suficiente para expressar a sua sutil beleza. Posso discorre inumeros significados para ela, buscar respostas no âmago do meu ser para explica-la, mas assim mesmo não vou conseguir, limito-me pela minhas palavras, minha pequenez não permite-me explica-la apenas senti-la.
"So os poetas, os loucos, os filosofos e os bebados são corajosos o suficientes para mergulhar num mundo de dúvidas e incertezas, quanto as outras pessoas, elas ja foram formatadas e doutrinadas a aceitar o mundo tal como elas pensam que ele é. "
Essas peculiaridades são para os sentidos aguçados: o olhar desenvolvido que dilata às vestes que nos impuseram, a audição que escuta e aprecia o som vibrar entre os tímpanos, o paladar que degusta o mel mais doce, as mãos que projetam na superficie branca o que a mente pensa, o olfato que extrai o aroma das pétalas, o pensamento que troca passos com a imaginação. Quem consegue sentir a plenitude da vida são os raros eleitos, aqueles que nasceram póstumos.
A visão turvada pelas atividades cotidianas não nos permite penetrar nas entrelinhas do mais belo poema. Coisas passam em nossas vidas mas não a vêmos por estarmos com as lentes embaçadas. A arte, o poema, literatura são inúteis para esse mundo impregnado pelas atividades corriqueiras do homem pragmático. A arte tem um fim em si mesma, portanto não à coloquemo-la no rol de conceituações nem tentemo-los pô-la ao status de inutilidade. A arte tece a alma humana e preenche às lacunas corrosivas de nossas consciências. Um olhar sobre a pintura requer à sensibilidade aguçada de um espiríto irriquieto, da paixão avassaladora do poeta pelas palavras, do amor do filosofo pelo conhecimento. A arte provoca-te, transforma-te... as palavras que aqui escrevo não são o suficiente para expressar a sua sutil beleza. Posso discorre inumeros significados para ela, buscar respostas no âmago do meu ser para explica-la, mas assim mesmo não vou conseguir, limito-me pela minhas palavras, minha pequenez não permite-me explica-la apenas senti-la.
"So os poetas, os loucos, os filosofos e os bebados são corajosos o suficientes para mergulhar num mundo de dúvidas e incertezas, quanto as outras pessoas, elas ja foram formatadas e doutrinadas a aceitar o mundo tal como elas pensam que ele é. "
Duas Caixas
Esse pequeno texto é inspirado e é fruto da palestra que houve no ano de 2008 no salão do livro realizada em Palmas/To. O palestrante foi o Filósofo e Educador Rubem Alves. Tentei resumir o que foi dito na palestra.
Somos selados, moldurados e acarrentados a esse mundo de mentalidade tecnocrática onde o pragmatismo impera.
Para Santo Agostinho carregamos duas caixas, na mão direita levamos a caixa de ferramentas, nela encontram-se os objetos de fins práticos, como a tesoura que corta, a caneta que escreve, borracha que apaga, cadeira, mouse, teclado etc... Ferramentas práticas que possuem suas respectivas funções para efetuar determinada atividade, utilizados no dia a dia são objetos que não nos dão prazer, usamos e descartamos. Ja na mão esquerda carregamos a caixa de brinquedos, nela está tudo aquilo que é inutil e que não possui função alguma, mas nos dão prazer. Como a Poesia, Literatura, Filosofia, Música e todas as formas de expressão artística. Hoje tudo aquilo que não tem um retorno imediato é descartado. O poema para ser lido é preciso interpelar em seu tecido, perpassar e ir em direção do caminho mais profundo de nossas essências, ele é vida mas é inutil. O que fazemos com ela? Para que serve o poema se ele é inutil? O que é o poema e para que serve? Só existe uma forma de descobrir mergulhar em seus fios...Ainda existem pessoas sensíveis capazes de captar o mais belo poema, capazes de interpelar nas entrelinhas e ver o mundo mais visível! Viva ao Poeta.
Somos selados, moldurados e acarrentados a esse mundo de mentalidade tecnocrática onde o pragmatismo impera.
Para Santo Agostinho carregamos duas caixas, na mão direita levamos a caixa de ferramentas, nela encontram-se os objetos de fins práticos, como a tesoura que corta, a caneta que escreve, borracha que apaga, cadeira, mouse, teclado etc... Ferramentas práticas que possuem suas respectivas funções para efetuar determinada atividade, utilizados no dia a dia são objetos que não nos dão prazer, usamos e descartamos. Ja na mão esquerda carregamos a caixa de brinquedos, nela está tudo aquilo que é inutil e que não possui função alguma, mas nos dão prazer. Como a Poesia, Literatura, Filosofia, Música e todas as formas de expressão artística. Hoje tudo aquilo que não tem um retorno imediato é descartado. O poema para ser lido é preciso interpelar em seu tecido, perpassar e ir em direção do caminho mais profundo de nossas essências, ele é vida mas é inutil. O que fazemos com ela? Para que serve o poema se ele é inutil? O que é o poema e para que serve? Só existe uma forma de descobrir mergulhar em seus fios...Ainda existem pessoas sensíveis capazes de captar o mais belo poema, capazes de interpelar nas entrelinhas e ver o mundo mais visível! Viva ao Poeta.
domingo, 15 de novembro de 2009
Quem sou
Não sei se sou poeta
Ou ator
Só sei que vivo
No ostracismo
Oscilando entre
Alegria e dor
Numa busca eterna
Da poesia e do amor
Ou ator
Só sei que vivo
No ostracismo
Oscilando entre
Alegria e dor
Numa busca eterna
Da poesia e do amor
Sina do Poeta

Sina do poeta
É dizer o não dito.
É sentir o sabor das coisas
e nelas se lambusar.
Sina do poeta
É achar o oculto
dentro do obvio.
É vê nas entrelinhas
e nelas se entrelaçar.
Sina do poeta
É procurar a poesia...
Num mar de palavras,
Nas sombras da noite,
No céu estrelado
Ou no alvorecer da aurora.
Dentro de uma chuva tempestuosa.
A sina do poeta
É um verdadeiro desatino.
É um andar descompassado.
Que troca passos com o vento...
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Morte
A foice corta, a respiração asfixia
Os pulsos inflam, as veias jorram
O sangue cai, o chão mancha
As pupilas dilatam, os tímpanos espocam.
Os sentidos explodem
O coração acelera, o desespero consome
O medo invade, as mãos tremem.
Os olhos choram, a dor chega
Tudo escurece um mal irremediável
A morte vem e consuma a dança.
Os pulsos inflam, as veias jorram
O sangue cai, o chão mancha
As pupilas dilatam, os tímpanos espocam.
Os sentidos explodem
O coração acelera, o desespero consome
O medo invade, as mãos tremem.
Os olhos choram, a dor chega
Tudo escurece um mal irremediável
A morte vem e consuma a dança.
Coragem Desata
Acordo
Manhã nebulosa, neblina cerca
ambiente sufoca.
Abro as janelas
no horizonte tempestade
na paisagem chuva.
Observo no espelho
olhos refletem dor agonizante
face revela solidão
cabeça dói, mágoas corrompem
desespero consome, desânimo absorve
desencadeia um choque, nasce um trauma
sentidos estáticos, mãos atadas, lágrimas rolam.
Mas a primavera vem e faz atenuar
encontro um inibidor que faz anestesiar
não suporto mais e passo a amar
ainda sinto meu corpo e a vontade de continuar
me faz levantar, então minhas pernas voltam a andar.
Forte energia invade e me faz guiar
dúvidas e incertezas ficam a queimar.
A vida prossegue, manhã nebulosa...
Mas a coragem desata e me faz continuar.
Manhã nebulosa, neblina cerca
ambiente sufoca.
Abro as janelas
no horizonte tempestade
na paisagem chuva.
Observo no espelho
olhos refletem dor agonizante
face revela solidão
cabeça dói, mágoas corrompem
desespero consome, desânimo absorve
desencadeia um choque, nasce um trauma
sentidos estáticos, mãos atadas, lágrimas rolam.
Mas a primavera vem e faz atenuar
encontro um inibidor que faz anestesiar
não suporto mais e passo a amar
ainda sinto meu corpo e a vontade de continuar
me faz levantar, então minhas pernas voltam a andar.
Forte energia invade e me faz guiar
dúvidas e incertezas ficam a queimar.
A vida prossegue, manhã nebulosa...
Mas a coragem desata e me faz continuar.
Aurora

Brilha a aurora
Entre montanhas sua beleza transborda
Sua luz intensa e translúcida
Ilumina vales e abismos da noite
E banha o céu das paisagens lúgubres.
Seus raios tocam as faces do pântano com afago
E beija a fúnebre rosa instaurando-lhe vida.
Baila entre a sinfonia dos ventos
Corta tempestades e vence chuvas.
Perpassa confins obscuros
Longínquos e degradantes.
Revive a flor sobre o crepúsculo
Fecunda o solo infertil e nutre o horizonte.
Dança com o caos e se mostra na sombra
Embeleza o feio, purifica o ódio
Desintegra a angústia
Dor e desesperança.
E o funesto transfigura em vida.
Desejo
sábado, 31 de outubro de 2009
Lápide

Os ventos sussurram na noite sombria,
Uma negra atmosfera maquéia a floresta.
As arvores dançam no ritmo da sinfonia
Passaros mergunham no horizonte velado
Pela métrica da melodia.
Lua e estrela observam o momento místico
Beijam a brisa da vida.
Pétala se deleita sobre a lápide
Triste realidade da existência
um ser corajoso e vivaz em outrora
Aqui jaz apodrecido da carne ao pó
Alimento dos vermes e fertilizante da terra
Cultiva suas fecundas raízes que brotam
à luz do sol, ausente agora a seus olhos.
A chuva vem e abraça o túmulo
Quebra o silêncio e faz gritar as criaturas
A noite se oculta e cessa a canção
O amanhecer desperta e traz luz à floresta,
então olhos desaparecem na névoa
em busca de abrigo cercado de escuridão.
Círculo vicioso o ritual continua
A espera de uma nova vítima
Outro cadáver enfadonho
Sepulcro seu destino fatídico
Lápide sua companhia eterna.
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